quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Quando me disseram que a vida é passageira...


Quando me disseram que a vida é passageira...
Ah! Comecei a valorizá-la como nunca antes valorizei.
Amei minha família,
Meus amigos (que não são muitos),
Minhas crenças,
Minhas ideologias.

Quando me disseram que a vida é passageira...
Tentei registrar em minha mente os momentos mais marcantes,
Afinal, para que perder tempo memorizando coisas ruins?

Quando me disseram que hoje é o progresso de ontem, parei.
Quando me disseram que a vida é feita de humanos potáveis, parei.
Quando me disseram que havia algo para ser feito, continuei...

Há muita coisa para aproveitar:
As dores,
as chagas,
as intempéries,
as bizarrices.

Insiro, imediatamente, os malefícios.

A vida, assim como a árvore, busca o gotejamento da mínima porcentagem de água.
Enquanto houver vida haverá água, e consequentemente, vida haverá.

Tento me livrar dos clichês que a vida proporciona, mas é inútil.
Um dia você nasce, embora não tenha pedido (os frustrados que me desculpem), cresce, passa pela adolescência, torna-se adulto, busca carreira profissional ou religião, constrói família ou famílias (os bígamos que me desculpem), envelhece e morre. Talvez dessa sequência, a morte não seja tão clichê assim. Logo, nunca vi ninguém relatar sua morte além-túmulo (os espíritas e os antigos egípcios que me desculpem). Ora, tem uma gota de vida esbravejando pra sair.

Quando me disseram que seria possível a finitude da vida me preparei. Amarrei-me com todos os santos, todas as datas sacras, todas as virtudes beatas, todas as imaculadas senhoras.

"Aproveitar o dia como se fosse o último", essa frase é tão clichê quanto a vida.
Para não me perder nisso me preparo, pois perco muito tempo aqui escrevendo.

Quando me disseram que a vida era passageira...
Peguei o papel, a caneta e comecei a escrever bem rapidamente.
Fui aproveitar o tempo que passa. E fui ligeiramente, por que um dia me disseram que a vida é passageira.