quinta-feira, 8 de maio de 2014

EMBARCAÇÃO


O barco sai à procura do mar revolto e necessário.
Os tripulantes rumam ao infinito e azul do firmamento.
Embasbacados sem saber por qual caminho seguir, reagem ao capitão.
O capitão não escolhe. Delega.
O tripulante não desiste. Escolhe outro caminho.

Cada gota do Atlântico é uma lágrima que cai.
Há quem persista em dizer que as escolhas são errôneas.
Se não fossem as errôneas não descobriríamos as certas.
Paradoxo indispensável desde a gênese.

O pessimista vê no infinito a imensa onda tortuosa e incerta a percorrer;
O otimista olha para trás e diz: Puxa! Cheguei até aqui! Mas poderia ter sido pior.

Quantas embarcações não ficaram à deriva?
Quantos náufragos afastaram-se da terra firme?
Acovardar-se?
Para quê?

A quem ensinaria e o quê ensinaria se não fossem as intempéries e dissabores que a vida nos reserva?


Não encontraríamos nenhuma ilha, nem sua beleza, se não tivéssemos a ousadia de ir buscar no mar o nosso novo destino. 

Carta ao ódio (ou meu infortúnio)



De olhos bem fechados e a boca meio aberta despertara de um mundo que não ouso dar-lhe nome.

Flutuava, saia do chão com tamanha dedicação que merecia todos os louros e coroa fúnebres.

Embora o sorriso safado viesse à superfície era complacente com suas atitudes e me deixava transpor de corpo e alma - não sabia se era mais corpo ou se mais alma. Apenas dedicava o corpo e a alma de tal maneira, que os ossos eram triturados e o sangue chupado como uma fruta em sua época.

Abrindo os olhos, pondo os pés no chão, vi que tudo não passava de um sonho.
Se me perguntarem se acredito em vidas paralelas, direi que sim, ora, esses bichos diabólicos, que não sei sua procedência divina estarão sempre à margem.
Arrancaram a minha carne, sugaram o pouco de sangue que me restava.

Se fosse uma carta dedicaria a vocês, malditas muriçocas ou se preferirem pernilongos.

Em vez de com amor termino: com todo o meu ódio!

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Um homem também chora (Guerreiro Menino)

"Um homem se humilha
 se castram seus sonhos
Seu sonho é sua vida 
e vida é trabalho
E sem o seu trabalho 
o homem não tem honra
E sem a sua honra 
se morre, se mata".


Composição: Gonzaguinha